Joyce Costa
Marise Fontes
Biografia
Edouard- Jean Alfred Claparède
nasceu em 1873, em Champel, Genebra (Suíça). Mesmo sendo de família calvinista,
sempre demonstrou o desejo de ser cientista, apaixonado por ciências naturais.
Em 1888, teve o primeiro contato
com a psicologia.
Em 1892, começou a cursar
medicina, formando-se em Genebra, onde também concluiu o Doutorado. Logo depois
de formar-se em medicina, direcionou sua carreira para a psicologia
experimental.
Em 1900, a Psicologia aplicada à educação
despertou seu interesse.
Em 1901, inventou a expressão
“Escola sob medida”, através da qual defendia uma escola que se adaptasse às
peculiaridades do educando.
Em 1904, assumiu a direção do
laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra e também apresentou sua
teoria sobre o sono.
Em 1905, publicou Psicologia da
Criança e Pedagogia Experimental, de grande repercussão.
Em 1906, organizou em seu
laboratório um importante seminário sobre Psicologia Pedagógica.
Em 1908, foi nomeado professor
extraordinário de Psicologia na Universidade de Genebra.
Entre os anos de 1910 e 1915,
produziu e divulgou vários trabalhos, como a concepção funcional da Educação em
1911.
Em 1912, criou o Instituto
Jean-Jacques Rousseau (ou Academia de Genebra), para o estudo da psicologia
infantil e sua aplicação no ensino. Finalidade de formar educadores e
incentivar as reformas educativas baseadas no movimento da Escola Nova. Seu
trabalho foi continuado pelo discípulo Jean Piaget.
Em 1915, assume a cátedra de
Psicologia da Universidade de Genebra e publica a 5º edição da obra Psicologia
da Infância.
Em 1916, publica “A escola e a
psicologia experimental”.
Em 1917, publica “A psicologia da
inteligência”.
Em 1920 e 1921, preside a 1º e a
2º Conferências Internacionais de Orientação Profissional.
Em 1924, foi um dos redatores do
primeiro esboço de uma carta internacional dos direitos da criança.
Em 1925, foi co-fundador do
Escritório Internacional de Educação.
Em 1926, foi nomeado secretário
permanente dos Congressos Internacionais de Psicologia.
Em 1928, foi até o Egito, aonde
realizou estudos visando a reforma escolar no país. Também neste ano, foi
publicada no Brasil a primeira versão em português da obra “A escola e a
Psicologia experimental”.
Em 1929, escreveu sua autobiografia.
Em 1930, visitou o Brasil, a
convite de uma ex-aluna, Helena Antipoff. Porém, numa época bastante agitada
devido a revolução de outubro, o que não o impediu de realizar duas
conferências e de conhecer alguns educadores brasileiro como: Lourenço Filho,
Mário Casassanta e Francisco Venâncio Filho. Aqui terminou de escrever um de
seus principais livros, A Educação Funcional.
Em 1931, foi publicada em
Portugal, uma Tradução de Claparède: Como diagnosticar as aptidões dos
escolares. E aqui no Brasil, acontecia a Reforma Lourenço Filho, em São Paulo.
Em 1937, apresentou uma
comunicação sobre a Psicologia da Compreensão Internacional, no XI Congresso
Internacional de Psicologia. Neste ano, Claparède perde seu filho Jean-Louis,
juntando-se a este triste fato também os aborrecimentos causados pelo ambiente
europeu antes da segunda guerra, o educador acaba diminuindo sua intensa
atividade de trabalho.
Em 1939, colaborou com o artigo
“A inteligência animal e a inteligência humana”, que fez parte do livro “ O mistério
animal”.
Em 1940, ainda escreve para
jornais e revistas de Genebra, mas em setembro deste ano, após contribuir muito
para a Educação e para a Psicologia, morre aos 67 anos de idade.
Os
estudos de Edouard Claparède encontram-se num ponto de confluência entre várias
correntes de pensamento, e sua obra favoreceu de duas das mais importantes
linhas educacionais do século XX, a Escola Nova, cuja representante mais
conhecida foi Maria Montessori
(1870-1952), e o cognitivismo de Jean Piaget, que foi seu discípulo.
O
educador pretendeu construir uma teoria científica da infância.
Idéias Pedagógicas
Educação Funcional e
aprendizado ativo
A educação
funcional seria um processo interno ou endógeno através do qual a criança se
exercita, instrui, se constituindo assim, uma pessoa autônoma. O ser humano
como um organismo que funciona. Um dos objetivos desta proposta é de fazer com
que a criança sinta, prove, por experiência pessoal, o valor do trabalho e do
saber, sem forçá-la a tarefas sem relação com a vida.
O educador
valoriza e acredita que seja necessário preservar o período da infância,
respeitando cada fase. Formula a Lei da necessidade e do interesse, ou
princípio funcional, que acredita que toda atividade desenvolvida pela criança
é sempre suscitada por uma necessidade a ser satisfeita e pela qual ela está
disposta a gastar energias. Cabe ao professor colocar o aluno na situação
adequada para que seu interesse seja despertado.
Critica o
conhecimento desvinculado da vida, defendendo uma educação que visa o
desenvolvimento das funções intelectuais e morais.
Em sua obra
Educação Funcional, diz: “a escola deve ser ativa, isto é, mobilizar a
atividade da criança, devendo ser mais um laboratório que um auditório”. Para
esta nova concepção de escola, Claparède destaca que seria necessária uma
mudança completa na formação do professor, com ênfase numa preparação
psicológica.
Claparède como
outros pedagogos do movimento da Escola Nova criticavam a escola tradicional
por considerar o aluno como receptáculo de informações. Acreditava, como
outros, numa escola que chamava de “ativa”, na qual a aprendizagem se dá
através da resolução de problemas. Surge, assim, a noção de que atividade e não
a memorização é o vetor da aprendizagem. Daí, a importância que o educador dá a
brincadeira e ao jogo.
O papel do professor e as escolas
talhadas para os alunos
O professor
deveria ser um estimulador de interesses. A criança poderia escolher o que
estudar e quando o professor fosse interrogado pelo aluno sobre algo de seu
interesse, este deveria propor que pesquisassem juntos. E nesta relação, o professor estaria sempre
no pano de fundo organizando a maneira mais favorável de despertar a criança e
auxiliá-la.
Segundo
Claparéde, o educador só deveria propor, fazendo com que a criança, ao pensar e
sentir modificasse a si mesmo no sentido desejado pelo educador. Era preciso
que a criança quisesse adquirir os conhecimentos e os comportamentos propostos
pelo educador, e aceitaria se lhe fossem apresentados na ocasião própria e de
maneira adequada. “Nada do que está fora dela se reproduz nela; só assimila ...
na medida em que respondem a uma necessidade sua.”
O
professor deve estudar a criança em particular e no geral, daí surge a ideia de
uma “escola sob medida” (nome de uma de suas obras), que no ideal do autor
deveria ser uma escola para cada criança ou para cada tipo de inteligência.
Para
Claparède, a escola deveria considerar as diversidades de aptidões apresentadas
pelos alunos, pois ir contra a natureza é não considerar o rendimento do aluno.
O sistema mais próximo de uma escola sob medida, segundo o educador acreditava,
é aquele que permite que o aluno possa reagrupar, o mais livremente possível,
os elementos favoráveis ao desenvolvimento de suas condutas pessoais. Para ele,
o currículo obrigatório poderia ser reduzido a conteúdos suficientes para a
transmissão de um conhecimento que constituísse “uma espécie de legado
espiritual de uma mesma geração”, deixando a maior parte do período letivo para
atividades escolhidas pelos próprios alunos. A escola deve visar a desenvolver
as funções intelectuais e morais mais do que se preocupar em transmitir
conhecimentos desvinculados do cotidiano.
Percebia que a
escola valorizava as diferenças quantitativas da aptidão (notas, testes,
provas), mas ignorava as diferenças qualitativas, a natureza dos graus da
aptidão explicitada por cada aluno em seus gostos pessoais. Assim, exigia da
escola uma educação pautada no cotidiano, vazia de conhecimento, pois para ele,
todo saber é um enfado para o aluno.
Recomendava
estratégias para o melhor aproveitamento das potencialidades intelectuais dos
alunos, como as classes paralelas (uma para os estudantes mais inteligentes e
outra para os com mais dificuldade) e as classes móveis ( para que um mesmo
aluno pudesse acompanhar diferentes disciplinas em ritmos diferentes).
Defendia
que a escola deve ser para a criança e não a criança para a escola. Esta deve
ensinar os alunos a amar o trabalho, mas muitas vezes fazia o contrário
oferecendo deveres impostos e desagradáveis.
A psicologia como base para a
educação
Claparède
considera que para aplicar a educação funcional nas escolas é preciso
considerar a Psicologia da Criança, pois acredita que a criança não é um adulto
em miniatura, incompleto e sim um ser que tem vida própria e possui seus
próprios interesses. Defende que se o professor deseja que seus esforços tenham
êxito, deve adaptar a educação à própria natureza da criança, pois não adianta
ir contra as leis da natureza.
Sustentava
a ideia totalmente nova para sua época de que o sujeito psicológico é o sujeito
ativo.
Claparède
criticava o professor que fazia uso da prática sem o mínimo conhecimento da
psicologia, responsabilizando-o pela demora na obtenção de bons resultados na
educação. O objetivo dos estudos teóricos seria reduzir ao mínimo as
experiências desastrosas e demoradas que sempre acompanham as práticas iniciais
em todas as artes, segundo o autor.
Concepções de Infância e
Desenvolvimento
Para
Claparède, o desenvolvimento do indivíduo pode ser influenciado pelo meio e
pela hereditariedade, sendo que o meio compreende a educação. E quanto ao
caráter, o que importa é saber o quanto ele depende dessa herança ou do meio.
Influenciado
pala Biologia e pela Psicologia, o educador apresenta uma visão bio/psicologizante
do desenvolvimento, estabelecendo uma relação de causa e efeito entre
crescimento e desenvolvimento mental. Também tinha uma concepção naturalizante
da infância, ao sugerir que os ensinos da Natureza seriam melhores do que
qualquer educador.
A importância do jogo na
educação
Claparède
via a criança como um ser ativo e que merecia apenas ser guiada em sua
atividade, canalizando-a e relacionando-a com algum interesse ou necessidade
natural. Para desenvolver a criança, em qualquer atividade que se queira
realizar em sala de aula, o jogo era a melhor forma, indispensável para
introduzi-la ao trabalho. Conforme a criança cresce, a idéia de jogo vai sendo
substituída pela de trabalho, seu complemento natural.
Defendia
que o jogo atende uma das necessidades prioritárias da criança, sendo este um
meio para captar-lhe o interesse, assim o resto pode ir por si só. Para o
autor, o fundamento do jogo não está na forma exterior do comportamento, mas
sim na atitude interna do sujeito diante da realidade. Considera a ficção como
parte principal do jogo, no qual a conduta real transforma-se em lúdica.
Claparède
utilizou a psicologia para ensinar o caminho para introduzir os elementos do
jogo no trabalho escolar, trazendo aos poucos elementos do próprio trabalho,
para que a criança não se desorientasse com as atitudes do trabalho imposto.
Para ele, o trabalho escolar não apresentava um sentido imediato para o aluno,
e o jogo poderia trazer um significado ao propor um objeto fictício aceitável
para a criança. Compara o trabalho escolar ao trabalho forçado, com todo um
programa cheio de conteúdos que o aluno tem que adquirir e que, segundo ele,
não servirá para nada.
Para que a
escola não se distancie do cotidiano do aluno, Claparède sugere que o jogo é a
melhor forma de despertar o interesse do aluno, pois a atitude lúdica auxilia
no trabalho cotidiano.
Claparède
tinha uma visão bastante utilitária da escola. Acreditava que a escola deveria
priorizar o “rendimento” do aluno, tendo até os bons alunos atenção diferenciada,
pois estes seriam os que formariam bons quadros profissionais no futuro. Não se
preocupava tanto em oferecer a criança condições de viver da melhor forma
possível a infância.
Implicações de sua pedagogia na educação infantil
-Educação Funcional: processo
interno através do qual a criança se exercita, instrui, se constituindo uma
pessoa autônoma.
-Lei da necessidade e do
interesse: toda atividade desenvolvida pela criança é sempre suscitada por uma
necessidade a ser satisfeita.
-Critica o conhecimento
desvinculado da vida.
-Escola ativa: a escola deve ser
mais um laboratório do que um auditório.
-O aluno não é um receptáculo de
informações.
-O professor como um estimulador
de interesses.
-O professor deve estudar a
criança no particular e no geral, saber qual é o seu interesse.
-Escola sob medida: a escola deve
ser para a criança e não a criança para a escola.
-A escola deve considerar a
diversidade de aptidões apresentadas pelos alunos.
-A criança não é um adulto em
miniatura, incompleto e sim um ser que tem vida própria e seus próprios
interesses. A criança escolhe o que estudar.
-Estabelece uma relação de causa
e efeito entre crescimento e desenvolvimento mental.
-Concepção naturalizante da
infância: os ensinos da natureza seriam melhores do que qualquer educador.
-O jogo atende uma
necessidade básica da criança, sendo capaz de captar seu interesse. É uma
ferramenta indispensável para introduzir a criança ao trabalho.
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